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Eris e a sua lua Dysmonia, aqui numa impressão de artista. Eris é quase do mesmo tamanho de Plutão e a sua superfície está provavelmente coberta de gelo remanescente da sua atmosfera. Dysmonia parece ser mais escura e um corpo menos reflectivo. |
Para lá do gigante Neptuno permanece uma região cheia de corpos gelados. Conhecido como o Cinturão de Kuiper, esta expansão gelada tem biliões de objectos, remanescentes dos primórdios do sistema solar. O astrónomo Holandês Jan Oort foi que sugeriu primeiro em 1950 que alguns cometas poderiam vir dos subúrbios longínquos do sistema solar. Esse reservatório ficou mais tarde conhecido como a nuvem de Oort. Antes, em 1943, o astrónomo Kenneth Edgeworth sugeriu que cometas e corpos maiores poderiam existir para lá de Neptuno. Em 1951, o astrónomo Gerard Kuiper predisse a existência de um Cinturão de corpos gelados que agora tem o seu nome. Alguns astrónomos referem-se a ele como o Cinturão Edgeworth-Kuiper.
Astrónomos procuram agora por um planeta no Cinturão de Kuiper, um verdadeiro nono planeta, após a evidência da sua existência ter sido falada a 20 de Janeiro de 2016. O chamado 'Nono Planeta', como é denominado pelos cientistas, terá cerca de 10 vezes a massa da Terra e 5,000 vezes a de Plutão.
Vamos ver com mais atenção uma secção distante do sistema solar e dos pequenos mundos mais comummente conhecidos como Objectos do Cinturão de Kuiper (KBOs) e, em anos recentes, planetas anões.
Impressão artística do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort.
Factos acerca do Cinturão de Kuiper
Concepção artística do planeta Haumea e dos seus dois satélites; Hi'iaka e Namaka.
O Cinturão de Kuiper é um plano elíptico no espaço, abrangendo 30 a 50 vezes a distância da Terra do Sol, ou 4,500 a 7,400 milhões de quilómetros. O Cinturão é semelhante ao encontrado entre Marte e Júpiter, apesar de os objectos no Cinturão de Kuiper tenderem a ser mais gelados que rochosos.
Cientistas estimam que milhares de corpos com mais de 100 km de diâmetro viajem à volta do Sol dentro deste Cinturão, com biliões de objectos mais pequenos, muitos dos quais serão cometas de período-curto. A região também contém alguns planetas-anões, mundos redondos, demasiado grande para serem considerados asteróides e ainda não qualificados como planetas por serem demasiado pequenos, numa órbita estranha, e sem capacidade de limpar o espaço à volta deles do mesmo modo que os 8 planetas o fazem.
Formação do Cinturão de Kuiper
Quando o sistema solar se formou. muito do gás, poeira e rochas saíram em conjunto de modo a formar o Sol e os planetas. Os planetas que limparam muito dos restantes detritos para o Sol ou para fora do sistema solar. Mas corpos mais afastados ficaram a salvo dos rebocadores gravitacionais, ou de planetas como Júpiter, e assim conseguiram ficar a salvo à medida que orbitavam o Sol. O Cinturão de Kuiper e o seu compatriota, a mais distante nuvem de Oort, contém os resquícios do início do sistema solar e podem dar valiosos dados do seu nascimento.
O Cinturão de Kuiper clássico - a secção mais lotada - está 42 a 48 vezes a distancia da Terra ao Sol. A órbita dos objectos nesta região mantém-se estável na maior parte, apesar de alguns objectos terem o seu curso ocasionalmente mudados ligeiramente quando eles passam demasiado perto de Neptuno.
Objectos do Cinturão de Kuiper
Impressão de artista que mostra o distante planeta-anão Eris.
Plutão foi o primeiro verdadeiro Objecto do Cinturão de Kuiper a ser visto, apesar de os cientistas da época não o reconhecerem como tal. A existência do Cinturão não foi observada até cientistas descobrirem um movimento lento, de um mundo pequeno no sistema solar exterior em 1992 (David Jewitt e Jane Luu encontraram o KBO, 1992QB1). Outros objectos se seguiram, e os astrónomos rapidamente viram que a região para lá de Neptuno fervilhava de mundos rochosos e pequenos mundos.
Sedna, com três quartos do tamanho de Plutão foi descoberto em 2004. É tão afastado do nosso Sol que leva cerca de 10,500 anos a fazer uma única órbita. Sedna tem cerca de 1,770 km de comprimento e circula o Sol numa órbita excêntrica que vai dos 12,900 milhões de quilómetros aos 135,000 milhões de quilómetros.
Em Julho de 2005, astrónomos anunciaram a descoberta de um objecto no Cinturão de Kuiper pensado ser maior que Plutão, apesar de observações posteriores revelarem ser ligeiramente mais pequeno. Conhecido como Éris, a sua órbita ao Sol, uma vez a cada 580 anos, viajando a uma centena de vezes mais distante do Sol que a Terra. A descoberta de Éris pôs fim a Plutão como um planeta, e em 2006, Plutão, Éris, e o seu maior asteróide Ceres foram classificados com planetas-anões. Mais dois planetas-anões, Haumea e Makemake, foram descobertos no Cinturão de Kuiper em 2008.
Nono Planeta
O nono planeta órbita o Sol a uma distância 20 vezes maior que a órbita de Neptuno. A órbita do estranho mundo é cerca de 600 vezes mais longe do Sol do que a órbita da Terra da sua estrela.
Os cientistas ainda não viram o nono planeta directamente. A sua existência é inferida pelos seu efeito gravitacional noutros objectos do Cinturão de Kuiper.
Os cientistas Mike Brown e Konstantin Batygin do California Institute of Technology em Pasadena, descrevem a evidência do nono planeta num estudo publicado pelo Astronomical Journal. A pesquisa é baseada em modelos matemáticos e simulações de computador usando as observações de outros seis objectos mais pequenos do Cinturão de Kuiper com órbitas que alinham de um modo similar.
Exploração
Devido ao seu tamanho pequeno e localização distante, os Objectos do Cinturão de Kuiper são um desafio de detecção a partir da Terra. Medidas de infravermelhos do telescópio espacial da NASA, Kuiper, ajudaram a acertar para baixo o tamanho dos maiores objectos.
De modo a adquirir um melhor vislumbre destes restos remotos do nascimento do sistema solar, a NASA lançou a missão New Horizons. A sonda chegou a Plutão em 2015 e continuou de modo a examinar múltiplos Objectos do Cinturão de Kuiper.
O Cinturão de Kuiper é mostrado para lá da órbita de Neptuno.Um dos seus habitantes é Éris, com uma órbita altamente inclinada e elíptica.