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Cientistas da sonda Dawn da NASA, revelaram novas imagens da sonda na órbita baixa de Ceres, incluindo as altamente esperadas vistas da cratera Occator, na 47ª Conferência Cientifica Planetária e Lunar no Texas.
A Cratera Occator, com 92 km de comprimento por 4 km de profundidade, tem a área mais brilhante de Ceres, o planeta anão que a Dawn explora desde o inicio de 2015. As últimas imagens, realizadas a 385 km acima da superfície de Ceres, revelam uma cúpula numa cova de paredes suaves no centro brilhante da cratera. Numerosas estruturas lineares e fracturas cruzam o topo e os flancos desta cúpula. Falhas proeminentes também rodeiam a cúpula e correm através de pequenas regiões brilhantes encontradas na cratera.
'Antes da Dawn iniciar as suas observações intensas de Ceres no ano passado, a cratera Occator parecia ser uma grande área brilhante. Agora, com as últimas imagens, podemos ver importantes características que nos dão novos mistérios para investigar,' diz Ralf jaumann, cientista planetário e co-investigador da Dawn no Centro Aeroespacial Alemão (DLR) em Berlim. 'A geometria complexa do interior da cratera sugere actividade geológica num passado recente, mas iremos necessitar de um mapeamento geológico detalhado da cratera de modo a testar as hipóteses para esta formação.'
Diferenças de Cor
A equipa também libertou um mapa da superfície de Ceres com cores realçadas, dando ênfase à diversidade de materiais de superfície e a sua relação com a morfologia da superfície. Cientistas têm estudado as formas das crateras e a sua distribuição com grande interesse. Ceres não tem tantas bases de impacto quanto os cientistas anteciparam, mas o numero de pequenas crateras geralmente vai ao encontro das suas previsões. O material com a cor realçada a azul está relacionado com cheias, planícies suaves e montanhas, que parecem ser características da superfície muito recentes.
'Apesar de os processos de impacto dominarem a superfície geológica de Ceres, identificámos variações específicas de cor na superfície indicando alterações de material que são devidas a complexas interacções no processo de impacto e na composição do subsolo,' disse Jaumann. 'Para além do mais, isto dá evidências de uma camada no subsolo rica em gelo e substâncias voláteis.'
Contando Neutrões
Dados relevantes na possibilidade de gelo no subsolo está igualmente a emergir do Detector de Neutrões e Raios Gama da Dawn (GRaND), que iniciou a aquisição do conjunto de dados primários em Dezembro. Os neutrões e os raios gama produzidos pela interacção dos raios cósmicos com materiais à superfícies, providenciam a impressão digital do mapa químico de Ceres. Os dados serão analisados de modo a determinar a concentração de elementos químicos dentro do primeiro metro da superfície de Ceres.
Na órbita de baixa altitude da Dawn, os instrumentos detectaram um menor número de neutrões perto dos pólos de Ceres do que do seu equador, o que indica um aumento da concentração de hidrogénio a altas latitudes. Como o hidrogénio é um dos principais constituintes da água, gelo de água pode estar presente perto da superfície nas regiões polares.
'As nossas análises irão testar uma profecia de longa data de o gelo de água possa sobreviver mesmo abaixo da fria superfície, de alta latitude, por milhares de milhões de anos,' disse Tom Prettyman, co-investigador da Dawn e do Instituto de Ciência Planetária no Arizona, EUA.
O Mistério da Cratera Haulani
Mas o subsolo não tem a mesma composição ao longo de todo o Ceres, de acordo com dados de luz visível e infravermelha mapeada pelo espectrómetro (VIR), um aparelho que olha como vários comprimentos de luz são reflectidos pela superfície, permitindo aos cientistas a identificação de materiais.
A Cratera Haulani em particular, é um exemplo intrigante sobre como Ceres é diversificado em termos de composição de material à superfície. Esta cratera de formas irregulares, com a suas tiras de material brilhante, mostram uma proporção de materiais de superfície e os seus arredores quando visionados pelo VIR. Enquanto a superfície de Ceres é maioritariamente feita de uma mistura de materiais contendo carbonetos e filósilicatos, a sua proporção relativa varia ao longo da superfície.
'Imagens de cor-falsa de Haulani mostram que o material escavado por impactos é diferente da composição geral à superfície de Ceres. A diversidade de materiais implica que ou há uma camada mistura por baixo, ou que o próprio impacto mudou as propriedades dos materiais,' disse Maris Cristina de Sanctis, cientista da Dawn e do instrumento VIR, Instituto Nacional de Astrofísica em Roma.
A Grande Imagem do Todo
Dawn fez história no último ano como a primeira missão a atingir o planeta anão, e a primeira a orbitar dois corpos celestes distintos - ambos no cinturão de asteróides, entre Marte e Júpiter. A missão conduziu extensivas observações de Vesta durante 14 meses em órbita entre 2011-2012.
'Estamos satisfeitos por revelar estas maravilhosas novas imagens, especialmente Occator, que ilustra a complexidade de processos que formam a superfície de Ceres. Agora que podemos ver as enigmáticas manchas brilhantes de Ceres, minerais da superfície e morfologia em alta resolução, estamos ocupados a tentar descobrir que processos moldaram este planeta anão único. Por comparação de Ceres a Vesta, iremos descobrir novas características acerca do inicio do sistema solar,' diz Carol Raymond, investigador da missão Dawn, na NASA, Califórnia.