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Hubble descasca as camadas de um Neptuno quente

03.11.15

 



Neptuno

Diz-se que não se julga um livro pela capa. E se forem os planetas?

Neptuno por exemplo. Durante muitos anos, especialmente desde 1989 quando a Voyager 2 passou por Neptuno e mediu o seu campo gravítico, que os astrónomos sabem que o gigante azul guarda um mundo secreto no seu interior. Escondido bem abaixo do seu azul brilhante, fica um núcleo rochoso muito maior que a Terra. Úrano tem um igualmente! Estes 'mundos nos mundos' poderão ter propriedades exóticas incluindo oceanos escaldantes e chuvas de diamantes.

Se ao menos os investigadores pudessem retirar as nuvens para dar uma vista de olhos...

A cerca de 30 anos-luz, um planeta do tamanho de Neptuno já perdeu algumas das suas camadas. Astrónomos, usando o telescópio espacial Hubble descobriram uma enorme nuvem de hidrogénio que se evapora do seu planeta, denominado GJ 436b.

'Esta nuvem é espectacular,' diz o líder do estudo, David Ehrenreich do Observatório da Universidade de Geneva na Suiça. 'A equipa de investigação chamou-o de «O Gigante.»'

A atmosfera do planeta está a evaporar devido à radiação extrema da sua estrela - um processo que pode ter sido ainda mais intenso no passado.

'A estrela, que é uma tenue anã vermelha, já foi mais activa,' diz Ehrenreich. ' Isto significa que a atmosfera do planeta evaporou mais rapidamente durante o seu primeiro milhar de milhão de anos de existência. No conjunto, estimamos que o planeta pode ter perdido até 10% da sua atmosfera.'

GJ 436b é considerado um 'Neptuno Quente' devido ao seu tamanho e porque está muito mais próximo da sua estrela do que Neptuno do Sol. Orbitando a uma distância de 4,5 milhões de Km, faz uma rotação à volta da anã-vermelha em somente 2,6 dias terrenos. Em comparação, a Terra está a 150 milhões de Km e orbita o Sol a cada 365.24 dias.

Sistemas como o de GJ 436b podem explicar a existência de 'Super-Terras Quentes.'

'Super-Terras Quentes' são versões maiores e escaldantes do nosso próprio planeta. Telescópios espaciais como o Kepler da NASA ou o Francês CoRoT, descobriram centenas deles a orbitar estrelas distantes. A existência de 'O Gigante', sugere que as Super-Terras podem ser os restos de Neptunos quentes que perderam a sua atmosfera por evaporação.

Encontrar uma nuvem à volta da GJ 436b necessitou da visão ultra-violeta do Hubble. A atmosfera da Terra bloqueia a maior parte da luz ultra-violeta, sendo necessário um telescópio espacial para realizar este tipo de observações.

'Não se vê 'O Gigante' com lentes de luz visível porque se torna transparente,' diz Ehrenreich. Por outro lado, é opaco aos raios UV. 'Quando ligamos o olho ultra-violeta do Hubble no sistema, é uma grande transformação porque o planeta se torna em algo monstruoso.'

'A técnica ultra-violeta pode ser a chave que faz a diferença no estudo dos exo-planetas,' acrescenta. Ehrenreich espera que os astrónomos encontrarão milhares de Neptunos quentes e Super-Terras nos anos vindouros. Os astrónomos quererão examiná-los na procura da evidência de evaporação. Além disso, a técnica ultra-violeta poderá ser capaz de captar a assinatura de oceanos a evaporarem em planetas como a Terra, vendo com uma nova luz mundos semelhantes ao nosso.

Talvez não se possa julgar um livro pela capa, mas podemos julgar um planeta pela sua grandeza.

 

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publicado às 11:33



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