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A paleoclimatologista Kristine DeLong contribuiu para um avanço numa pesquisa internacional que dá nova luz acerca de como a inclinação da Terra influência o maior cinturão de chuva do mundo.
DeLong analisou dados dos últimos 282,000 anos que mostram, pela primeira vez, uma ligação entre a inclinação da Terra, denominada de obliquidade, que muda a cada 41,000 anos, e o movimento de uma banda de baixa pressão de nuvens, que é a maior fonte terrestre de calor e humidade - a Zona de Convergência Intertropical, ou ITCZ.
'Levei os dados e passei-os através de um prisma matemático, de modo a observar os padrões, e foi onde vimos o ciclo de obliquidade, o tal ciclo de 41,000 anos. A partir daí, podemos ir e ver como comparar com outros registos,' disse DeLong, que é um professor associado na Universidade Estatal do Luisiana, Departamento de Geografia e Antropologia.
Com colaboradores de pesquisa da Universidade de Ciência e Tecnologia da China e da Universidade Nacional de Taiwan, DeLong observou núcleos sedimentares da costa da Papua Nova Guiné e amostras de estalactites de cavernas antigas na China. As análises de dados de DeLong revelaram obliquidade em ambos os registos paleontológicos e dados do modelo do computador. Esta pesquisa foi publicada na Nature Communications a 25 de Novembro.
Os princípios padrão acerca das variações na órbita da Terra que influenciam mudanças no clima, são chamadas ciclos Milankovitch.
De acordo com estes princípios, a inclinação axial da Terra influenciou a formação de lençóis de gelo durante a Idade do Gelo, a lenta oscilação que ocorre num ciclo de 23,000 anos, à medida que a Terra roda à volta do Sol, denominada precessão, afecta os trópicos e a forma da órbita da Terra, que ocorre num ciclo de 100,000 anos, e que controla a quantidade de energia que a Terra recebe.
'Este estudo foi interessante, quando se iniciou a análise espectral, o ciclo de inclinação de 41,000 anos começou a aparecer nos trópicos. Não é suposto lá estar. Não é isso que os livros nos explicam,' disse DeLong.
As descobertas mostram que a inclinação axial da Terra é muito mais importante na migração ITCZ do que previamente pensado, o que irá possibilitar aos cientistas melhor predizer eventos meteorológicos extremos.
Historicamente, o colapso da civilização Maia e de várias dinastias chinesas, ficaram ligadas a secas persistentes, e está associado à ITCZ. Esta nova informação é crucial no entendimento do clima global e desenvolvimento sócio-económico humano sustentável, referiram os pesquisadores.
Adicionalmente, os cientistas climáticos começaram a reconhecer que, em lugar de mudar o norte e o sul, o ITCZ expande e contrai, baseado nesta informação.