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Cientistas da sonda Dawn da NASA, revelaram novas imagens da sonda na órbita baixa de Ceres, incluindo as altamente esperadas vistas da cratera Occator, na 47ª Conferência Cientifica Planetária e Lunar no Texas.
A Cratera Occator, com 92 km de comprimento por 4 km de profundidade, tem a área mais brilhante de Ceres, o planeta anão que a Dawn explora desde o inicio de 2015. As últimas imagens, realizadas a 385 km acima da superfície de Ceres, revelam uma cúpula numa cova de paredes suaves no centro brilhante da cratera. Numerosas estruturas lineares e fracturas cruzam o topo e os flancos desta cúpula. Falhas proeminentes também rodeiam a cúpula e correm através de pequenas regiões brilhantes encontradas na cratera.
'Antes da Dawn iniciar as suas observações intensas de Ceres no ano passado, a cratera Occator parecia ser uma grande área brilhante. Agora, com as últimas imagens, podemos ver importantes características que nos dão novos mistérios para investigar,' diz Ralf jaumann, cientista planetário e co-investigador da Dawn no Centro Aeroespacial Alemão (DLR) em Berlim. 'A geometria complexa do interior da cratera sugere actividade geológica num passado recente, mas iremos necessitar de um mapeamento geológico detalhado da cratera de modo a testar as hipóteses para esta formação.'
Diferenças de Cor
A equipa também libertou um mapa da superfície de Ceres com cores realçadas, dando ênfase à diversidade de materiais de superfície e a sua relação com a morfologia da superfície. Cientistas têm estudado as formas das crateras e a sua distribuição com grande interesse. Ceres não tem tantas bases de impacto quanto os cientistas anteciparam, mas o numero de pequenas crateras geralmente vai ao encontro das suas previsões. O material com a cor realçada a azul está relacionado com cheias, planícies suaves e montanhas, que parecem ser características da superfície muito recentes.
'Apesar de os processos de impacto dominarem a superfície geológica de Ceres, identificámos variações específicas de cor na superfície indicando alterações de material que são devidas a complexas interacções no processo de impacto e na composição do subsolo,' disse Jaumann. 'Para além do mais, isto dá evidências de uma camada no subsolo rica em gelo e substâncias voláteis.'
Contando Neutrões
Dados relevantes na possibilidade de gelo no subsolo está igualmente a emergir do Detector de Neutrões e Raios Gama da Dawn (GRaND), que iniciou a aquisição do conjunto de dados primários em Dezembro. Os neutrões e os raios gama produzidos pela interacção dos raios cósmicos com materiais à superfícies, providenciam a impressão digital do mapa químico de Ceres. Os dados serão analisados de modo a determinar a concentração de elementos químicos dentro do primeiro metro da superfície de Ceres.
Na órbita de baixa altitude da Dawn, os instrumentos detectaram um menor número de neutrões perto dos pólos de Ceres do que do seu equador, o que indica um aumento da concentração de hidrogénio a altas latitudes. Como o hidrogénio é um dos principais constituintes da água, gelo de água pode estar presente perto da superfície nas regiões polares.
'As nossas análises irão testar uma profecia de longa data de o gelo de água possa sobreviver mesmo abaixo da fria superfície, de alta latitude, por milhares de milhões de anos,' disse Tom Prettyman, co-investigador da Dawn e do Instituto de Ciência Planetária no Arizona, EUA.
O Mistério da Cratera Haulani
Mas o subsolo não tem a mesma composição ao longo de todo o Ceres, de acordo com dados de luz visível e infravermelha mapeada pelo espectrómetro (VIR), um aparelho que olha como vários comprimentos de luz são reflectidos pela superfície, permitindo aos cientistas a identificação de materiais.
A Cratera Haulani em particular, é um exemplo intrigante sobre como Ceres é diversificado em termos de composição de material à superfície. Esta cratera de formas irregulares, com a suas tiras de material brilhante, mostram uma proporção de materiais de superfície e os seus arredores quando visionados pelo VIR. Enquanto a superfície de Ceres é maioritariamente feita de uma mistura de materiais contendo carbonetos e filósilicatos, a sua proporção relativa varia ao longo da superfície.
'Imagens de cor-falsa de Haulani mostram que o material escavado por impactos é diferente da composição geral à superfície de Ceres. A diversidade de materiais implica que ou há uma camada mistura por baixo, ou que o próprio impacto mudou as propriedades dos materiais,' disse Maris Cristina de Sanctis, cientista da Dawn e do instrumento VIR, Instituto Nacional de Astrofísica em Roma.
A Grande Imagem do Todo
Dawn fez história no último ano como a primeira missão a atingir o planeta anão, e a primeira a orbitar dois corpos celestes distintos - ambos no cinturão de asteróides, entre Marte e Júpiter. A missão conduziu extensivas observações de Vesta durante 14 meses em órbita entre 2011-2012.
'Estamos satisfeitos por revelar estas maravilhosas novas imagens, especialmente Occator, que ilustra a complexidade de processos que formam a superfície de Ceres. Agora que podemos ver as enigmáticas manchas brilhantes de Ceres, minerais da superfície e morfologia em alta resolução, estamos ocupados a tentar descobrir que processos moldaram este planeta anão único. Por comparação de Ceres a Vesta, iremos descobrir novas características acerca do inicio do sistema solar,' diz Carol Raymond, investigador da missão Dawn, na NASA, Califórnia.
O Detector de Neutrões e de Raios Gama (GRaND), a bordo da sonda Dawn da NASA, está a mapear a composição de elementos de Ceres a partir de uma órbita de baixa altitude, cerca de 385 km, sobre a superfície do planeta anão.
"GRaND está de excelente saúde e as operações correram suavemente durante o encontro com Ceres, permitindo-nos adquirir um conjunto de dados de alta qualidade,' disse o Cientista Thomas Prettyman, co-investigador da missão Dawn.
Os neutrões e os raios gama produzidos pela interacção dos raios cósmicos com materiais à superfícies, providenciam a impressão digital do mapa químico de Ceres. Os dados serão analisados de modo a determinar a concentração de elementos químicos dentro do primeiro metro da superfície de Ceres.
Os dados relevantes no que toca à possibilidade de gelo no subsolo estão a imergir do GRaND, que iniciou a aquisição do conjunto dos seus dados primários em Dezembro. Na órbita de baixa altitude da Dawn, os instrumentos detectaram um menor número de neutrões perto dos pólos de Ceres do que do seu equador, o que indica um aumento da concentração de hidrogénio a altas latitudes. Como o hidrogénio é um dos principais constituintes da água, gelo de água pode estar presente perto da superfície nas regiões polares.
'As nossas análises irão testar uma profecia de longa data de o gelo de água possa sobreviver mesmo abaixo da fria superfície, de alta latitude, por milhares de milhões de anos,' disse Prettyman.
Raios cósmicos de alta-energia produz neutrões e raios gama quando interage com materiais na camada exterior da superfície Cereana. Para além disso, os raios gama são feitos de elementos radioactivos decadentes, tais como potássio e tório, encontrados em rocha e solo.
Uma porção da radiação escapa para o espaço. Na órbita de baixa altitude, o GRaND pode detectar radiação originada de Ceres. O espectro de raios gama e neutrões medidos pelo GRaND fornece informações sobre a composição de elementos da superfície. Os dados químicos contém pistas sobre a origem de Ceres e a sua evolução.
Aqui. |
Ceres é o maior corpo no cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter e o único desses objectos a ter tido a classificação de planeta anão. A sonda Dawn da NASA tem estado em órbita à volta de Ceres há mais de um ano e tem mapeado a sua superfície com grande detalhe.
Uma das maiores surpresas foi a descoberta de grande manchas brilhantes, que reflectem muito mais luz que os seus arredores escuros e circundantes. A mais proeminente destas manchas está dentro da cratera Occator e sugere que Ceres poderá ser um mundo muito mais activo do que a maioria dos seus vizinhos asteróides.
Novas e muito precisas observações usando o espectrógrafo HARPS no espelho ESO de 3,6 metros do telescópio de La Silla, Chile, detectou agora o movimento das manchas devido à rotação de Ceres sobre o seu eixo, mas encontrou também variações adicionais inesperadas sugerindo que o material das manchas é volátil e evapora com a luz do Sol.
O líder do novo estudo, Paolo Molaro, do Observatório Astronómico de Trieste, conta a história: 'À medida que a sonda Dawn revelou as misteriosas manchas brilhantes na superfície de Ceres, eu imediatamente pensei nos possíveis efeitos mensuráveis a partir da Terra.
'À medida que Ceres roda, as manchas aproximam-se da Terra e afastam-se novamente, o que afecta o espectro da luz do Sol reflectida para a Terra.'
O dia de Ceres é de nove horas e os cálculos mostram que as velocidades das manchas para a frente e para trás a partir da Terra devido à rotação ser muito pequena, na ordem dos 20 km por hora. Mas este movimento é suficientemente grande para ser mensurável através do efeitos Doppler com instrumentos de alta-precisão como o HARPS.
A equipa observou Ceres com o HARPS durante pouco menos de duas noites em Julho e Agosto de 2015. 'O resultado foi uma surpresa,' acrescentou Antonino Lanza, do Observatório Astrofísico de Catani e co-autor do estudo.
'Vimos as esperadas mudanças do espectro a partir da rotação de Ceres, mas com outras variações consideráveis da noite para o dia.'
A equipa concluiu que as mudanças observadas podem ser devido à presença de substância voláteis que evaporam sob acção de radiação solar. Quando as manchas dentro da cratera Occator estão no lado iluminado pelo Sol, elas formam plumas que reflectem a luz do Sol muito eficientemente.
Estas plumas evaporam-se muito rapidamente, perdem reflectividade e produzem as mudanças observadas. Este efeito, no entanto, muda de noite para noite, fazendo aumentar os padrões aleatórios adicionais, tanto em escalas temporais mais curtas como mais longas.
Se esta interpretação for confirmada, Ceres seria muito mais diferente de Vesta e outros asteróides do cinturão de asteróides. Apesar de estar relativamente isolado, parece estar activo internamente. Ceres é conhecido por ser rico em água, mas não é claro se há relação com as manchas brilhantes. A fonte de energia que origina esta fuga continua de material da superfície, é igualmente desconhecida.
A sonda Dawn continua a estudar Ceres e o comportamento das suas manchas misteriosas. Observações da Terra com o HARPS e outras instalações serão capazes de continuar mesmo depois do fim da missão espacial.
Cratera Kupalo. Aqui |
Características que aguçaram o interesse dos cientistas ao longo de 2015, aparecem com grande detalhe nas últimas imagens da sonda Dawn, que recentemente atingiu uma órbita mais baixa à volta de Ceres.
A Dawn tirou estas fotos a uma altitude de 385 Km de ceres, entre 19 e 23 de Dezembro de 2015.
A cratera Kupalo, uma das mais recentes crateras de Ceres, mostra muitos atributos fascinantes com a resolução de 35 metros por píxel. A cratera tem material brilhante exposto na orla, que poderão ser sais, e o seu piso plano foram provavelmente resultado de derretimento por impacto e detritos. Pesquisadores irão observar de perto se este material está relacionado com as manchas brilhantes da cratera Occator. Kupalo, que mede 26 km de comprimento e que está localizado nas latitudes do sul, é assim chamada pelo nome do Deus Eslavo da vegetação e das colheitas.
'Esta cratera e os seu depósitos recentemente formados, serão um alvo principal de estudo para a equipa à medida que a Dawn continua a explorar Ceres, na sua fase final de mapeamento,' disse Paul Schenk, em membro da equipa cientifica da Dawn no Instituto Planetário e Lunar em Houston.
O ponto vantajoso da Dawn também capturou uma densa rede de fractura no chão da cratera Dantu de 126 km. Uma das mais recentes crateras da nossa Lua, chamada Tycho, tem fracturas semelhantes. Estas rachas podem ter resultado do arrefecimento após o derretimento provocado pelo impacto, ou quando o chão da cratera estava mais acima depois da formação da cratera.
A cratera de 32 km a oeste de Dantu está coberta de encostas íngremes, chamadas escarpas e cumes. Estas características foram provavelmente criadas quando a cratera colapsou parcialmente no processo de formação. A natureza curvilínea da escarpas parecem-se com as do solo de Rheasilvia, uma cratera de impacto gigante do protoplaneta Vesta, que a Dawn orbitou entre 2011 e 2012.
Ou outros instrumentos da Dawn também começaram a estudar intensivamente Ceres em meados de Dezembro. O mapa espectrográfico de luz visível e infravermelhos está a examinar vários comprimentos de onda que são reflectidos por Ceres, que irão ajudar a identificar minerais presentes na superfície.
O detector de neutrões e raios gama da Dawn (GRaND) está também a manter os cientistas ocupados. Dados do GRaND ajudam investigadores a entender as abundâncias de elementos na superfície de Ceres, juntamente com detalhes da composição do planeta anão e que tem importantes pistas acerca de como evoluiu.
A sonda irá permanecer na sua actual altitude para o resto da missão, e indefinidamente à posteriori. O fim da missão primária está programada para 30 de Junho de 2016.
'Quanto nos fizemos a Ceres após terminar a exploração de Vesta, esperámos ser surpreendidos pelo o que encontrássemos na paragem seguinte. Ceres não desapontou,' disse Chris Russel, investigador principal da missão Dawn, baseada na Universidade da Califórnia. 'para onde quer que olhemos destas novas altitudes de observação, vemos espantosas formações que falam de carácter único deste mundo fantástico.'
Dawn é a primeira missão a visitar o planeta anão e a primeira missão fora do sistema Sol-Lua a orbitar dois mundos distintos do sistema-solar.Após orbitar Vesta durante 14 meses em 2011 e 2012, chegou a Ceres a 6 de Março de 2015.
Quando o Sol brilha na cratera Occator, na superfície do planeta anão Ceres, uma espécie de névoa fina aparece por cima da mancha brilhante. Isto pode ser visto numa série de imagens realizadas pela câmara a bordo da sonda da NASA, Dawn, cujos os pesquisadores do Instituto Max Plank para a Pesquisa do Sistema Solar, publicaram a 9 de Dezembro de 2015, na revista Nature.
A névoa indica que água gelada pode existir perto à superfície. A mancha brilhante na cratera Occator, contém provavelmente sulfatos de magnésio, uma classe de sais minerais. Muitas das outras áreas claras da superfície de Ceres, consistirão provavelmente somente de sais minerais secos. Os novos resultados mostram que desde o início do sistema solar, a água congelada tem sido capaz de se manter, não só nos destinos mais longínquos, mas também no comparavelmente mais próximo cinturão de asteróides.
Uma fronteira invisível ocorre entre os planetas rochosos do sistema solar interior e os gigantes gasosos mais distantes. Há cerca de 4,500 milhões de anos, água e outras substâncias voláteis, evaporaram de regiões próximas do Sol deixando para trás os planetas interiores Mercúrio, Vénus, Terra e Marte como mundos rochosos e secos. Só muito longe do Sol estas substâncias poderiam permanecer intactas.
Elas existem até hoje nos planetas gasosos e nas suas luas geladas. Até a água na Terra é uma migrante recente dessa região distante. Mas onde está exactamente a linha de gelo localizada actualmente, e onde estava no passado? Onde é que no Sistema Solar a água gelada foi capaz de sobreviver?
A sonda Dawn da NASA está à procura de resposta para estas questões no cinturão de asteróides - uma região entre as órbitas de Marte e Júpiter que está cheia de incontáveis asteróides, alguns maiores, outros menores em tamanho. No começo do ano, durante a fase de aproximação a Ceres, manchas brilhantes na superfície do maior ocupante do cinturão de asteróides, estava já a fazer disparar a imaginação de cientistas e leigos igualmente.
O que é gelo exposto? Ou será que os sais deram às manchas brilhantes a sua alta reflectividade? 'Estamos provavelmente a ver resquícios de um processo de evaporação exibindo diferentes graus em diferentes locais. Talvez testemunhemos a ultima fase de um anterior período mais activo', diz Andreas Nathues do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, principal investigador da equipa da câmara e principal autor do estudo publicado na Nature. A luz reflectida para o espaço por todas as mais de 130 manchas brilhantes, diferem grandemente de outras regiões; contém uma maior proporção de azul, por exemplo. Isto é demonstrado pelas avaliações da câmara tiradas com a ajuda de diferentes filtros de cores.
'Comparaçõescom uma larga variedade de materiais que são examinados em laboratório, indicam que entre outros materiais, sulfato de magnésio hidratado, foram encontrados lá,' explica o segundo autor Martin Hoffman, cientista do Instituto Max Planck. Estes minerais também existem na Terra - por vezes na orla de alguns lagos salgados.
A cratera Occator tem outra característica noticiável. A mancha central da parte mais interior da cratera é muito mais brilhante que a outra região brilhante à superfície. Está localizada numa espécie de 'tigela dentro da supefície' medindo 10 Km de diâmetro e meio quilómetro de profundidade. ' Em algumas das nossas imagens, é também possível reconhecer a névoa difusa sobre o fundo da cratera,' diz Nathues.
O nevoeiro ocorre num ciclo diário, cada vez que a luz do sol atinge o fundo da cratera. ' O gelo provavelmente evapora-se de lá e arrasta pequenas partículas,' continua o pesquisador. O processo assemelha-se à saída de gás de um cometa, mas ocorre actualmente a um ritmo vagaroso e sem erupções.
Indicações de água congelada em Ceres, são conhecidas há já algum tempo. A densidade do corpo esférico é demasiado baixa para um interior puramente de rocha e metal, por exemplo. No começo do último ano, investigadores da equipa de Michael Kupper na Agência Espacial Europeia (ESA), relataram a possibilidade de vapor de água perto a Ceres usando o Observatório Espacial Herschel. Contrariamente às novas medidas, o gás não foi espacialmente resolvido, mas a sua presença foi indicada pela absorção do espectro da linha de luz.
Dawn está agora a dar detalhes mais perto de Marte. As medidas que foram publicadas foram efectuadas a uma distância de cerca de 1470 Km. 'Os sais que apareceram na superfície de Ceres estão fortemente localizadas,' diz Martin Hoffmann.
Elas ocorrem quase sempre em cratera ou perto de crateras, tanto grandes como pequenas. A cratera Occator, que pode conter gelo, é um exemplo particularmente novo. A cratera de orlas aguçadas e as poucas crateras de impacto no fundo da cratera, indicam que terá sido formada a somente 78 milhões de anos atrás.
A segunda maior estrutura brilhante da superfície de Ceres, a cratera Oxo, que não tinha nome até há umas semanas atrás e que era por isso chamada de 'característica A' no estudo, é relativamente jovem igualmente e poderá também conter gelo.
'A interpretação mais plausível dos nossos resultados é a que que há uma mistura de gelo e sais sobre algumas partes da superfície de Ceres,' disse Andreas Nathues. Este material poderá ser exposto pelos impactos de asteróides de tamanho médio. O gelo evapora gradualmente até que os sais e os filosilicatos são deixados.
'Os nossos resultados mostram que o gelo no subsolo é também capaz de sobreviver no cinturão de asteróides, que é relativamente perto do Sol,' diz Nathues. 'A camada da superfície rochosa protege-a dos efeitos do Sol.' A distância entre o Sol e o planeta-anão Ceres é somente a cerca de 414 milhões de quilómetros. Júpiter, cujas luas geladas emitem água, é praticamente duas vezes mais afastada; e os cometas que são ricos em água, passam a maior parte da sua vida nos confins do sistema solar.
No entanto é possível que Ceres não seja somente o reservatório de gelo no nosso sistema planetário que está mais perto do Sol. Observações espectrais do grande asteróide Pallas, que orbita o Sol a uma distância comparável à de Ceres, sugere que a superfície de ambos os corpos terão uma composição semelhante.
A sonda Dawn começou a sua jornada no cinturão de asteróides, que está localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter, em Setembro de 2007. Em 2011, a sonda chegou ao protoplaneta Vesta e acompanhou-o por mais de uma ano. A 6 de Março de 2015, a Dawn chegou à órbita do planeta Ceres e tem estado gradualmente a avançar para órbitas cada vez mais baixas desde então. Chegará à sua órbita mais baixa em meados de Dezembro e mantê-la-á ao longo do próximo ano. Dawn estará então a uns meros 375 Km da superfície.
Cratera Occator e as suas manchas |
Ceres revela alguns dos seus segredos mais bem guardados em dois novos estudos, no jornal Nature, graças aos dados da sonda da NASA, a Dawn. Eles incluem uma introspecção acerca das características das manchas brilhantes encontradas ao longo de toda a superfície do planeta-anão. Num estudo, os cientistas identificam este material brilhante como uma espécie de sal. O segundo estudo fala da detecção de argilas ricas em amónia, levantando questões acerca da formação de Ceres.
Ceres tem mais de 130 pontos claros, e a maior parte deles estão associados a crateras de impacto. Os autores do estudo, guiados por Andreas Nathues no Instituto Max Plank de Pesquisas para o Sistema Solar, Alemanha, escrevem que o material brilhante é consistente com um tipo de sulfato de magnésio, chamado hexahidrite. Um diferente tipo de sulfato de magnésio é conhecido também na Terra como sal de Epsom.
Nathues e colegas, usando imagens da Dawn, sugerem que estas áreas ricas em Sal, foram deixadas para trás quando gelo de água sublimou no passado. Impactos de asteróides teriam desenterrado a mistura de gelo e sal, disseram.
'A natureza global das manchas claras de Ceres, sugerem que este mundo tem uma camada de subsolo que contém gelo de água salgado,' diz Nathues.
Um novo olhar sobre a Cratera de Occator
A superfície de Ceres, cujo diâmetro é de 940 Km, é geralmente escuro - semelhante em claridade a asfalto fresco - escrevem os autores. As manchas claras que polvilham a superfície, apresentam um largo espectro de claridade, com as áreas mais claras, reflectindo cerca de 50% da claridade do Sol na área. No entanto não tem havido uma clara detecção de gelo de água em Ceres; dados de maior resolução serão necessários para esclarecer esta questão.
A porção interior da cratera, chamada Occator, contém o material mais brilhante de Ceres. A cratera Occator tem 90 Km de diâmetro, e o seu centro coberto deste material brilhante, mede cerca de 10 Km de comprimento e 500 metros de profundidade. Linhas escuras, possíveis fracturas, atravessam a cratera, resquícios de um pico central, que teria 500 metros, também pode ser visualizado.
Com as suas bordas aguçadas, paredes, terraços abundantes e depósitos de terra de deslizamentos, Occator parece estar entre as características mais recentes do planeta. Cientistas da missão Dawn, estimam que a sua idade seja de 78 milhões de anos.
Os autores do estudo revelam que, visto de alguns pontos, a cratera Occator parece mostrar uma neblina difusa perto da superfície que enche o solo da cratera. Isto poderá estar associado a observações de vapor de água em Ceres que o observatório espacial Herchel fez em 2014. O vapor parece estar presente em visualizações realizadas ao meio-dia, tempo local, e ausente durante o amanhecer e o crepúsculo, dizem os autores do estudo. Isto sugere que o fenómeno se assemelha à actividade da superfície de um cometa, com o vapor de água a levantar pequenas partículas de poeira e gelo residual. Dados e análises futuras poderão testar esta hipótese e revelar pistas acerca do processo que causa esta actividade.
'A equipa de ciência da Dawn encontram-se ainda a discutir estes resultados e a analisar dados, de modo a melhor entender o que irá acontecer em Occator,' disse Chris Russell, investigador principal da missão Dawn, na Universidade da Califórnia.
A importância do Amoníaco
No segundo estudo da Nature, membros da equipa de ciência da Dawn examinaram a composição de Ceres e encontraram a evidência de argilas ricas em amoníaco. Eles usaram dados do espectrómetro de luz visível e infravermelhos, um aparelho que procura como os vários comprimentos de luz são reflectidos da superfície, permitindo a identificação de minerais.
O gelo de amoníaco pode evaporar autonomamente, hoje, em Ceres, porque o planeta-anão é demasiado quente. No entanto, as moléculas de amoníaco poderão ser também actualmente estáveis em combinação (ou quimicamente ligadas) com outros minerais.
A presença de compostos amoniacais, levanta a possibilidade de Ceres não ser originário do cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter, onde está actualmente, mas que, em lugar disso, tenha sido formado no sistema solar exterior. Outra ideia é a de que Ceres ter-se-á formodo próximo da sua posição actual, incorporando materiais que derivaram do sistema solar exterior - perto da órbita de Neptuno, onde os gelos de hidrogénio são termicamente estáveis.
'A presença de espécies de comportamentos do amoníaco, sugerem que Ceres é composto de aumentos de material, onde o amoníaco e o nitrogénio são abundantes. Consequentemente, achamos que este material é originário do sistema solar exterior,' diz Maria Cristina de Sanctis, autora do estudo no Instituto Nacional de Astrofísica em Roma.
Ao comparar o espectro de luz reflectiva de Ceres com meteoritos, os cientistas encontraram algumas semelhanças. Focaram-se especificamente no espectro, ou pegadas químicas, de condritos carbonáceos, um tipo de meteorito rico em carbono, que se pensa criar uma analogia relevante para o planeta anão.
Mas estas não são boas comparações para todos os comprimentos de onda que foram testados, em particular, bandas de luz absorvidas distitivamente, e que correspondem a misturas que contêm minerais amoníacos, ligados a comprimentos de luz que podem ser observados por telescópios na Terra.
Os cientistas notaram que outra diferença é a de que os condritos carbonáceos contêm estruturas de água de materiais ricos em volatilidade,' disse De Sanctis.
O estudo refere igualmente que a temperatura diurna em Ceres vai de -93ºC a -33ºC. As temperaturas máximas foram medidas na região equatorial. As temperaturas no equador e perto dele são geralmente demasiado altas para suportar gelo à superfície durante demasiado tempo, dizem os autores do estudo, mas os dados fornecidos pela agora órbita mais próxima do solo, irão revelar mais detalhes.
A partir desta semana, a sonda Dawn atingiu a sua órbita final, com uma altitude de 385 Km do planeta anão. Em meados de Dezembro, a Dawn irá começar a recolher observações da sua nova órbita, com resoluções de 35 metros por pixel, infravermelhos, raios gama e espectro de neutrões e dados de gravidade de alta resolução.
Cratera Occator a 1470 Kilometros de altitude NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA. |
A sonda Dawn da NASA ligou o seu motor de ion's sexta-feira, 23 de Outubro, para iniciar uma jornada para a sua quarta e final descida de inserção orbital no planeta anão Ceres. A sonda completou dois meses de observações de uma altitude de 1,470 km com a transmissão exaustiva e extensa de uma galeria de imagens e outros dados de volta à Terra.
A nave vai a caminho da sua órbita de mais baixa altitude de modo a proceder ao mapeamento de alta resolução. A Dawn irá passar sete semanas a descer para este ponto mais vantajoso que será menos de 380Km de altitude da superfície de Ceres. Em meados de dezembro, a sonda irá começar as observações desta orbita incluindo imagens com uma resolução de 35 metros por pixel.
De particular interesse para a equipa Dawn será a cratera Occator, local das intrigantes manchas brilhantes de Ceres.