A sonda New Horizons da NASA capturou a atenção do mundo aquando da sua passagem por Plutão em Julho de 2015. Em Janeiro de 2019, irá bater um novo recorde quando alcançar outro objecto nos limites do sistema solar. Conhecido por 2014 MU69, o objecto irá dar pistas sobre o início da vida do Sol e dos seus planetas. Ao contrário de outras coisas exploradas pela sonda, o pequeno pedaço de rocha e gelo será o primeiro a ser explorado por uma nave lançada antes da sua descoberta.
Tanto Plutão como 2014 MU69 estão no Cinturão de Kuiper, uma colectânea de rochas geladas que circundam os limites do sistema solar. Pensa-se que estes objectos são amostras pristinas do inicio do sistema solar, atiradas para o limite do sistema solar através da interacção de ondas gravitacionais com os grandes corpos que se tornariam planetas. Examiná-los deverá dar-nos pistas sobre o que aconteceu ao sistema solar nos primórdios da sua existência.
Para lá de Plutão
No inicio de 2003, a National Academy of Sciences' Planetary Decadal Survey recomendou fortemente que a visita a Plutão incluísse visitas a pequenos objectos do cinturão de Kuiper. Observando múltiplos alvos, iria dar maiores pistas acerca de um segmento não explorado do sistema solar. A New Horizons lançada em 2006, com combustível extra para tais passagens, e a sua capacidade energética e sistemas de comunicações, está preparada para trabalhar em distâncias para lá da órbita de Plutão para anos que hão-de vir.
Em 2011, cientistas da missão usaram telescópios na Terra para iniciar a procura de um segundo alvo, mas nenhuma das novas descobertas estaria dentro do alcance na New Horizons. Em 2014, o Telescópio Espacial Hubble juntou-se na procura, localizando cinco potenciais objectos. Um deles foi o 2014 MU69, que foi nomeado de 1110113Y após a sua descoberta a 26 de Junho de 2014 e como 'alvo potencial 1' após a sua elevação de um a dois possíveis destinos. Em Agosto de 2015, a equipa seleccionou o 2014 MU69 como o seu próximo alvo potencial.
"2014 MU69 é uma grande escolha por ser o tipo de objecto que foi formado na sua órbita actual que a Decadal Survey queria que nós pesquisássemos,' referiu o investigador Alan Stern do Instituto de Pesquisa do Southwest. 'Para além disso este objecto custa menos combustível a atingir [que outros candidatos], deixando mais fuel para alguma ciência auxiliar e para proteger contra o que ainda não foi visto.'
Até com o Hubble, os detalhes de 2014 MU69 são difíceis discernir. O pequeno objecto é estimado ter 45 km de comprimento, menos de um por cento do tamanho de Plutão. Se o objecto é luminoso, então é provavelmente mais pequeno do que um objecto escuro seria. Objectos similares podem ter ajudado a formar o planeta-anão no passado.
'Há tanto que podemos observar destas passagens de proximidade do que o que aprendemos da Terra, tal como a passagem de Plutão demonstrou tão espectacularmente,' disse John Spencer, igualmente membro cientifico da equipa da New Horizons.
'As imagens detalhadas e outros dados que a New Horizons poderão obter do voo da KBO irão revolucionar o nosso entendimento acerca do Cinturão de Kuiper e dos seus objectos.'
Durante a entrevista a Mark Holdridge, planeador da missão New Horizons, pela Planetary Society, foi dito acerca da New Horizons e das primeiras imagens ao 2014 MU69, que elas serão obtidas 80 dias antes do encontro, em Outubro de 2018. Quando a nave realizar a sua passagem a 1 de Janeiro de 2019, passará mais perto do objecto do que passou por Plutão, apesar da distância exacta ainda não ser conhecida. Na altura, a sonda estará a 43,3 Unidades Astronómicas da Terra (UA=distância da Terra ao Sol).
Desde a passagem por Plutão, que a New Horizons efectuou quatro manobras para intersecção do 2014 MU69, tornando o encontro inevitável. Menos certo é saber sobre se a missão irá ou não receber aprovação de fundos para aprovar a visita ao segundo alvo.
'Mesmo à medida que a sonda New Horizons se afasta de Plutão pelo Cinturão de Kuiper, e os dados do encontro com este novo mundo ainda estão a ser enviados para Terra, estamos a olhar já para o próximo destino deste explorador intrépido,' disse John Grunsfeld, astronauta e chefe do Directorado da Missão Cientifica da NASA no centro da missão em Washington, D.C..
'Enquanto as discussões sobre se se aprova, ou não, a extensão da missão que se realiza num contexto de portfólio cientifico planetário, esperamos ser muito menos dispendiosos do que a missão inicial, enquanto continuamos a dar nova e excitante ciência.'